A ARQUITECTURA DE JOSE BAGANHA
Quem te sagrou criou-te português
Fernando Pessoa
Do mar e nós em ti nos deu sinal
Cumpriu-se o Mar, e o Impéro se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal
O Infante
Nos dias de hoje, obras como as do jovem arquitecto José Baganha representam um sopro de ar fresco, uma esperança e uma lição do “bem-fazer” português. Baganha parece satisfazer esse mandato solicitado pelo poeta para “cumprir-se Portugal”. Ao longo do século passado deu-se uma constante confrontação entre a perseverança de um afã de criar uma “arquitectura portuguesa” e a ânsia de imitar as formas que
chegavam do exterior. Portugal soube, desde a década de 70, seguir o seu próprio caminho, valorizando a continuidade com a tradição sem renunciar ao novo.
A nova sensibilidade, emergente na Europa e no mundo, em defesa de um meio ambiente equilibrado, colocou na mesa a necessidade de cuidar da nossa envolvente, do nosso meio, das nossas paisagens rurais ou urbanas. Portugal como tantos outros lugares da Europa, viu esfumar-se grande parte do seu riquíssimo património construído, no campo e nas cidades. Neste sentido, perante esta nova sensibilidade e este crescente interesse
pela arquitectura tradicional por parte de sectores da população cada vez maiores, a obra de Baganha constitui uma verdadeira lição.
De seguida, de modo muito geral, percorrerei alguns dos episódios mais importantes da arquitectura do século XX em Portugal, a fim de colocar no seu contexto a obra de José Baganha.
0101-Livro-CASAS-COM-TRADICAOJavier Cenicacelaya
Bilbao, Novembro 2005
Editora “CALEIDOSCÓPIO” – 2006